quinta-feira, 15 de julho de 2021

A História do Bonsai

 A História do Bonsai



Não temos condições de determinar ao certo aonde começou esta história, mas através de muitas pesquisas em livros, revistas e agora com a internet, podemos juntar vários fragmentos dessa grande história.

Admite-se hoje que na verdade apesar de terem sido os chineses os grandes precursores dessa história, que ela teria sido criada, inventada, praticada e transmitida ao mundo oriental pelos antigos indianos (Vaamantanu Vrikshaadi Vidya: Vaaman= anão-pequeno, Tanu= corpo, Vrikshaadi= das árvores, Vidya= ciência), assim como a medicina, a física, a matemática, a geometria, a filosofia, a teosofia e quase todas as artes.

Os indianos faziam bonsai por diferentes motivos, além da contemplação e da arte. Eles praticavam a medicina Ayur Védica, onde as cinco partes mais importantes para a cura das enfermidades eram encontradas nas raízes, na casca, nas folhas, nas flores e nos frutos.

Devido as enormes distâncias que esses médicos tinham que percorrer e à impossibilidade de carregar um Banyan ou um Tamarindo nas costas, os indianos reduziram as gigantescas árvores medicinais, tornando possível o transporte delas em caravanas, o que garantia medicamentos frescos para seus pacientes.

A parte chinesa dessa história começa +ou- 200 anos a.c.. Mas as formas básicas foram estabelecidas no período da dinastia TANG (618-907 d.c.), foi uma evolução que continuou até a Dinastia Qing (1616-1911 d.c.) quando a Arte Penjing começou a declinar.

Na China o bonsai é dividido em duas categorias principais: árvore bonsai e paisagem de bonsai. Árvore bonsai (Tree penjing) é o que veio a ser conhecido no ocidente como bonsai.

Nos antigos escritos o bonsai era descrito como: a técnica de reduzir o dragão a uma polegada. 

O ideograma chinês e japonês para a palavra bonsai é muito semelhante. Ainda segundo Xu Xiaobai, está arte (bonsai) teve seu início na Dinastia Han e Qin em 221 A.C. Isto nos mostra, neste momento, mais de 2000 anos de história. É fácil entender que a história do bonsai se confunde em certo momento, com o desenvolvimento destas pequenas paisagens embora não tenhamos data para seu começo.

No Japão os primeiros registros datam da Era Kamimura (1192 a 1333). Nos pergaminhos de um sarcedote chamado Honen, que viveu neste período, aparecem ilustrações de árvores miniaturizadas. Na Era Edo (1615-1867), o desenvolvimento de plantas em vasos era bastante popular.

Em 1914 com o interesse do público em geral para com o Bonsai, foi realizada a primeira Exposição Nacional de Bonsai no Japão. Alguns anos depois, 1934, o Museu Metropolitano de arte de Tóquio instituiu uma exposição anual que acontece até hoje.

No Brasil, o bonsai surgiu com a vinda dos imigrantes japoneses no inicio do século, ficando por muitos anos restrito aos descendentes o exercício desta arte. 

A história segundo a Sociedade de Estudos da Tradição Oriental e segundo Cláudio Seto – São pouca as referências sobre bonsai antigos no Brasil. Conforme artigo publicado em japonês na revista Burajru no Nogyô (agricultura Brasileira), edição comemorativa dos 20 anos da colonia Itacoloni (Promissão – SP), impresso em setembro de 1938, os bonsaístas históricos do Brasil foram: Hadano de Bragança – SP; Miyoshi de SP; parte Seto, Katsuki e Nita de Guaiçara – SP. Cada um deles de sua maneira fez várias experiências estudando a aclimatação de plantas, cujas sementes vieram do Japão. Na década de 1930, a pequena cidade de Guaiçara produziu tantas plantas orientais que se tornou conhecida mais tarde com o slongan de “Berço das plantas”. Grande parte de plantas de origem asiáticas hoje existentes no Brasil, como: pinheiro japonês (akamatsu e kuromatsu), junípero, acer, azaleia, ardísia, piracanta, marlus, glicínia e cerejeira ornamental foram produzidas inicialmente em Guaiçara e espalhados pelo país através de trens puxados por máquinas a vapor, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.

Katsuki e Nita eram donos de chácaras de mudas de café, árvores frutíferas e plantas ornamentais. Passaram a cultivar sementes de plantas japonesas para atender ao pedido de Noriyasu Seto, um fabricante de sake (vinho de arros) e amante de bonsai. Com o passar do tempo, as duas chácaras (Nita e Katsuki) tornaram-se os maiores viveiros de bonsai do Brasil e a cidade de Guaiçara o centro irradiador dessa arte na colônia japonesa no período anterior a II Guerra Mundial.

Consta que desde 1908 quando chegou ao Brasil a primeira leva de imigrantes japoneses, muitas pessoas com conhecimento do cultivo de bonsai chegaram ao Brasil. Entre eles o monge budista Tomojiro Ikaragui, que teria trazido no navio Kasato Maru, tronco de amoreira, que seria o primeiro bonsai introduzido no Brasil, mas cujo destino ninguém sabia com precisão para que servia, pois infelizmente foi confiscado pelos funcionários da alfândega juntamente com apetrechos para criação do bicho da seda.

Nos anos 30, com a estabilidade financeira alcançada pelos antigos imigrantes à aquisição de propriedades rurais por estes, pela primeiras vez a colônia japonesa despertou á praticar artes de sua terra natal, a partir de Guaiçara ganhavam todo interior de SP, cujas mudas chegaram também as mãos de Hadano (Bragança) e Miyoshi na Capital, que fizeram verdadeiras obras de artes.

Goro Hashimoto foi o primeiro botânico da colônia japonesa a escrever um livro sobre plantas brasileiras. E o primeiro bonsai com planta brasileira (Bougainvillea), foi cultivado pelo jovem Tyotaro Matsui, no início da década de trinta, no Núcleo Aliança (hoje Guaimbê – SP). Desde 1924 quando imigrantes japoneses entraram em Primeira Aliança, para derrubar a mata virgem e preparar o plantio da muda de café, constataram na região, a existência de algumas variedades de bougainvillea. Essas plantas que o povo local chamavam de primavera ou três marias, logo despertou a atenção dos nipônicos, pois vista de longe, a espécie de bráctea cor de rosa lembravam o sakurá (cerejeira) em flor, provocando imensa saudade da terra natal.

Durante a derrubada da mata, Tyotaro Matsui, que aprendeu o cultivo com Seto, foi guardando os troncos com raízes num riacho. Como na época no Brasil não existiam vasos para o bonsai, o moço improvisou para seu uso, latas de querosene cortadas na lateral para os bonsais grandes e latas de marmelada para os bonsais pequenos. As latas de querosene de (20 litros), existiam muito na zona rural, pois a iluminação era à base de lampião de querosene ou lamparinas. É interessante registrar que na época em Guaiçara, os vasos de bonsais de Seto, Nita e Katsui, eram confeccionados em madeira, os vasos de cimento só apareceram nos fins dos anos 40 e início de 50.
por COLUNISTA PORTAL - EDUCAÇÃO

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Fonte:https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/a-historia-do-bonsai/63960

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